Último dia da Expo, dedicado às escolas municipais de São Paulo, termina com show de Vanessa da Mata no Memorial da América Latina
A Expo Internacional Dia da Consciência Negra encerrou nesta terça-feira (21) sua terceira edição somando quatro dias com dezenas de atrações, 16 painéis de debates, feira criativa de afroempreendedores e grandes shows para celebrar a luta e a cultura preta na cidade de São Paulo. O último dia foi dedicado às escolas municipais: mais de dois mil estudantes visitaram o Memorial da América Latina. Os alunos da rede paulistana curtiram um dia com muito empoderamento, representatividade e valorização da beleza negra. A cantora Vanessa da Mata, vencedora do Grammy Latino, fechou a programação em grande estilo.
Antes de Vanessa, a batida do funk tomou conta do palco principal com MC Don Juan e, na sequência, Mumuzinho converteu o pavilhão em uma verdadeira casa de samba. Durante o intervalo das apresentações na área central, o baile black contou com os embalos da DJ Luciana. “Foi uma grande festa da cultura negra de São Paulo. Um lugar para refletirmos sobre os problemas que ainda enfrentamos decorrentes do racismo, mas também para celebrarmos o orgulho da nossa cultura e da nossa ancestralidade”, resumiu o embaixador da Expo, o ator Aílton Graça.
O Memorial contou ao todo com 5 palcos, além de praça de alimentação e feira de afroempreendedores, com mais de 180 expositores. Na praça de alimentação, destaque para os pratos da culinária afro-brasileira.
O resultado da III Expo foi comemorado pela secretária Municipal de Relações Internacionais, Marta Suplicy, que lembrou ainda que o trabalho segue. “Esse é um projeto pelo qual tenho um imenso carinho, o Brasil foi construído por mãos negras, em todos os seus ciclos econômicos. A questão é que nós não damos por terminado esse trabalho enquanto não eliminarmos a chaga do racismo estrutural de nossa cidade e de nosso país. Que sejamos o farol da mudança!”, afirmou Marta Suplicy.
Recorde de público
Com mais de 27 mil visitantes, a terceira edição foi maior que as duas edições anteriores. “Estamos crescendo ano após ano, e isso aumenta a nossa responsabilidade de entregar uma Expo cada vez melhor. Temos muito orgulho do nosso trabalho, que é construído durante todo ano em busca de uma sociedade menos racista. Agradeço a todos e todas que participaram de nosso aquilombamento”, comemorou a gerente da política pública São Paulo: Farol de Combate ao Racismo Estrutural e coordenadora da Expo 2023, Elaine Gomes. “Consciência Negra não é só em novembro; além de toda organização, pudemos oferecer à cidade este ano vários ‘esquentas’, mobilizando a cidade em torno da pauta.”
Painéis e debates
Durante todos os dias painéis e debates foram realizados, sempre com temáticas que abordaram os problemas e as soluções para o fim do racismo estrutural, com destaque para a Lei 10.639/03, que tornou o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira obrigatório no currículo das escolas brasileiras. A lei, que completou 20 anos em 2023, foi a linha mestra do evento deste ano, sob o slogan “Uma Lei, Muitas Lutas”.
Neste dia de encerramento da Expo quatro debates versaram sobre “Quilombos e Tradição Oral”, “Vidas Cerceadas e o Encarceramento da População Negra”, “A Lei 10.639 e a Mídia: Possibilidade e Limitações”, e “Carnaval do Futuro: Novas Tecnologias, Avanços e Inovações”.
Beleza Negra
Em um palco especialmente criado para a Expo, a Revista Raça realizou uma série de desfiles e eventos de valorização da beleza negra, dos penteados afro e do trabalho dos afroempreendedores que expuseram sua moda e produtos no evento.
A Expo também contou com o trabalho e a transmissão da +Favela TV, que conversou com personagens durante os quatro dias do festival antirracista. Destaque para o estúdio montado ao lado do palco principal, onde os diversos artistas que se apresentaram também deram entrevista. No total, foram mais de 60 episódios de podcasts ao vivo e dezenas de entrevistas, afirma Marx Rodrigues, CEO do +Favela TV.
“Ficamos honrados em fazer parte deste grandioso evento. Foram mais de 120 entrevistados, entre artistas famosos como Liniker, MC Don Juan, Carlinhos Brown, BaianaSystem, Fat Family e outros; além de afroempreendedores e autoridades. Transmissões ao vivo, matérias jornalísticas e filmes – praticamente em tempo real -, tudo isso para estimular mais visitas e informar a população que não pode vir. Uma equipe de 15 profissionais periféricos, extremamente honrados em fazer parte deste impactante evento”, disse Marx.
Griôs e ancestralidade
Quem chegava na Expo 2023 passava por dentro de uma bela exposição interativa que contava a história de África e da diáspora preta, valorizando os griôs do passado e do presente da cultura negra brasileira. Dividida em eixos que abordam “A luta dos Negros no Brasil”, “A Cultura Negra Brasileira”, “Os Griôs” e “O Negro na Formação da Sociedade Nacional”, o espaço divertiu, informou e empoderou os visitantes. “Esperamos que, ao passarem pela exposição, a experiência tenha sido transformadora e que as propostas sirvam de reflexão e de exaltação do nosso povo e da nossa cultura. Todos somos parte disso”, celebrou curador da mostra, Éder Augusto Marcos.
Espaço Erê
A área dedicada às crianças foi outra estrela do último dia de festival, com a visita dos alunos de escolas municipais, que acompanharam a apresentação teatral “Criança Sob Nossa Guarda” e a “Contação de Histórias Pretinhas”. Os estudantes ainda participaram da competição Vivência – Jogo: Mancala Awelé.
Sobre a Expo
A Expo Internacional Dia da Consciência Negra é uma iniciativa da política pública São Paulo: Farol de Combate ao Racismo Estrutural, criada na gestão Ricardo Nunes e conduzida pela Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI) em parceria com a Secretaria de Educação (SME).